quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Brincando com coisa séria, repensando a vida!



Brincando com coisa séria!

Era 2009. Fazia uns 2 anos que eu tinha uma manchinha no nariz. Era uma casquinha bem pequena que não cicatrizava. Caía e voltava, caía e voltava. Não doía, não coçava. Por isso relutei mais de um ano para procurar um dermatologista, até que minha namorada me convenceu e fui.
Eu estava tranquilo até o médico dizer que eu estava brincando com coisa séria. O que eu tinha era o princípio de um tumor de pele, cujo desenvolvimento ainda era inicial e por isso tinha como resolver com a cauterização à gelo. Tratamento que se esperar muito para procurar, não dá mais conta.
A dor foi um pouco grande, pois não há anestesia e o congelamento teve que ser profundo. Hoje tenho uma cicatriz no local que se percebe bem de perto. E não há como não lembrar a cada vez que a vejo no espelho, quando lavo o rosto, quando faço a barba.  Ao olhar sempre penso que aquele resultado poderia ser outro caso tivesse esperado mais tempo, que aquele princípio de tumor pudesse ter se desenvolvido em outro órgão, se camuflado, e que eu também poderia ter recebido do médico a notícia de que teria que iniciar algum tratamento mais complexo. Logicamente que você agradece a Deus por isso não ter acontecido. Mas penso que tem um significado maior. A mesma reflexão que faço a cada perda de alguém conhecido, a cada partida de um familiar, de um amigo.
Então é muito mais do que isso. Algo assim te leva muito além de agradecer somente a Deus e as pessoas que te incentivaram a ir ao médico. Tal momento lhe faz pensar um pouco na vida e nos planos que você faz para um futuro nem tão distante.
Você pensa na vida que tens vivido até o momento!
Hoje penso um pouco diferente. Pensava em acumular dinheiro para depois de aposentado poder viajar para vários lugares do mundo, comprar um motorhome e rodar esse Brasil todo! Mas isso é muito distante, são planos para 25 anos, 30 anos. Cara, isso é muito tempo e tu não tem garantia nenhuma de estar vivo lá na frente e de ter saúde e disposição também! E quem sabe nem o próprio dinheiro!
Obviamente que não devemos deixar de planejar o futuro, faço isso ainda. No entanto tenho procurado pensar mais em aproveitar o momento e deixar um pouco o “lugar comum” (como diz Cícero Paes) dar lugar ao novo. Mesmo que você volte ao lugar comum depois. Esse lugar comum é o nosso cotidiano e também as nossas férias!
Meu avô me falou uma vez numa entrevista que fiz com ele, já doente: “é... cada dia mais perto”! Ele quis dizer, cada dia mais perto da morte. Assim é nossa vida, cada dia uma dádiva e ao mesmo tempo um passo à frente, uma chance a mais para viver, e mais próximo da travessia.
Como diz o ditado: vivendo e aprendendo. Acho que é por aí. Devemos ir vivendo, tentando aproveitar o máximo dentro da realidade, com os pés no chão, buscar a realização de sonhos e enfrentar alguns medos também!
Essa semana na escola tivemos uma palestra especial com Vilson Cechetti, que trouxe mais uma carga de reflexão, principalmente ao relembrar  uma música que há muito tempo não ouvia. Posso dizer que hoje a letra dessa canção tem um significado muito maior!

SÓ UMA CANÇÃO:
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=bLHLBGBEYVY

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Primeiras aquisições para a viagem

Sonhar é bom! Para isso você não precisa gastar nada. Entretanto, o sonho não nos propicia nenhuma experiência de vivenciar a emoção do momento sonhado. Como essa é a intenção, obviamente, não dá de fazer sem mexer no bolso. Aos poucos é claro, pois dinheiro não sobra e se pensarmos muito nisso, vamos sempre deixando tudo para depois da aposentadoria!

Temos aí um cambão para reboque, sua ausência no veículo pode lhe reservar algum inconveniente caso um policial lhe cobrar (Obrigatório na Argentina). Espero não precisar usá-lo!
Custo do cambão: 150 com frete incluído (mercadolivre)
Um fogareiro Nautika Duo: quando digo que a intenção é improvisar e baratear, não estou brincando! Funciona com cartucho ou gás convencional. Será usado para o preparo das refeições prontas que irei adquirir em breve.
Custo do fogareiro: 96 reais.
Mochila camping: adquiri pois acomoda 4 pratos com talheres, 4 copos, tem espaço para térmica e mais um outro espaço para gelo artificial e bebidas.
Custo da mochila:  87 reais.
Barraca Nautika 4 pessoas: sempre é bom ter uma, comprei faz quase 2 anos e nunca foi usada! Dormir no carro é mais prático, porém, se formos em 2 ou 3 já é melhor uma barraca. Custo: 80 reais
Extensão de tomada 12v: capacidade para 3 ligações, indicado para GPS, celular ou outro aparelho eletrônico que seja possível recarregar no carro. Esse não está na foto. Custo: 29 reais.

Pois é, só aí temos já uma despesa/investimento de 400 reais. Por enquanto estou bancando tudo sozinho pois não tenho certeza de nenhuma companhia para a viagem. Obviamente que tudo isso é material adquirido e servirá, se Deus quiser, para muitas outras viagens e aventuras!

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Na estrada, rumo aos Andes e Atacama - Partida em 02 de janeiro de 2014



Agora novamente, como há mais de 15 anos!...
Por enquanto nos preparativos, adquirindo algumas coisas necessárias, pesquisando e fazendo o possível para concretizar a "Rota Atacama". Trajeto pensado para reunir experiência de vida e conhecimento, crescer como pessoa, visualizar paisagens até o momento vistas apenas por imagens, contato com outras culturas, enfim, expandir horizontes!

Objetivo: Percorrer boa parte do norte riograndense, cruzar a famosa região do Chaco (norte da Argentina) e sua longa reta (serão mesmo 700 km?...). Conhecer o salar de Jujuy, atravessar a Cordilheira dos Andes e vivenciar altitudes de 4 mil metros (meu organismo irá sentir o mal de puna?...). Conhecer a cidade de São Pedro de Atacama, chegar em Antofagasta e enfiar os pés - ou pelo menos as mãos, no Oceano Pacífico! Rumar ao sul chileno pelo deserto mais seco do mundo, atravessar novamente a Cordilheira passando pelos "caracoles" para chegar em Mendoza. De lá rumar para Fray Bentos, já no Uruguai. Conhecer Colônia e  marcar presença no ponto mais meridional do Brasil, o arroio Chuí. De lá, se largar pelo RS rumo a SC!

Por mais ou menos 7500 km, vivenciar um pouco o que os livros já ensinaram, expandindo horizontes e atravessando fronteiras de países vizinhos, conhecendo seu clima, sua paisagem, sua gente, mesmo que rapidamente. De certeza será cansativo, mas andar de bicicleta também era!
O melhor seria fazer na companhia da esposa e filho. Porém, com um pouco de receio, achamos melhor ele crescer mais um pouco, e o pai, agoniado já há algum tempo, vai antes conhecendo o terreno, para depois levá-los, na intenção de inspirar o Heitor Bruno Cristofolini ao gosto pelo viajar, como forma de prazer, conhecimento e evolução!

Meio de viagem: por enquanto, automóvel siena 1.4 ano 2010.     









Viajantes: convidei amigos, mas não obtive confirmação. Após eu já ter decidido ir sozinho, meu pai se disponibilizou em ir comigo. Sem dúvida um excelente companheiro.

Tempo previsto: mais ou menos 12/13 dias.

Estilo de viagem
: pretendemos utilizar de alguns improvisos que iremos divulgando quando chegar a hora. A intenção é realizar a viagem sem muito luxo, com o mínimo de conforto e o máximo de economia. O restante só na hora pra ver e seja o que Deus quiser!
 

Na década de 90, conhecendo novos lugares de zica!



Era década de 90. Ligado nos novos modelos de bikes, aos meus 14 anos quis trocar de magrela. O sonho era uma de 18 marchas! Novamente, meu pai me levou para escolher a nova bicicleta, lembrando que não deveria ser muito cara, dada as nossas condições. Bati o olho numa “Caloi Aluminum” azul, e não tive dúvidas. Depois de dar umas três voltas ao redor dela, o maior trabalho foi convencer o pai de pagar 400  reais e depois ainda em casa, convencer a mãe de gastar tanto numa bicicleta. Sempre ajudei meus pais e com os trocados que ganhava equipava a zica, e era a mais completa no nosso grupo: pedaleira, cantil, porta objetos, refletores de luz, “chifrinho”, e até velocímetro (que era a maior sensação). Tudo isso mais luvas e óculos próprios. Era bem bacana, e modéstia a parte, meu capricho também, bombril nos raios com frequência e sempre encerada!



     De zica nova e a empolgação à mil, fiz umas aventuras, sempre acompanhado de amigos. Em especial um deles, chamado Amilton Lourenço, que era inseparável! Pedalamos muitos quilômetros juntos, conhecendo novos lugares em cidades vizinhas.
     Com essa bike, fomos inúmeras vezes para Pouso Redondo, que ficava a 12 quilômetros (ida) de onde morávamos, outras tantas a Mirim Doce, Taió, Rio do Oeste, Laurentino e uma vez a Salete, para conhecer o Santuário. Lembro que saímos num domingo às 5 da manhã, tomamos uma coca em Taió e após muitas pedaladas, chegamos ao Santuário perto do meio dia. Lá pegamos as mochilas, um puxava cuca, outro carne, o outro pão e assim fizemos nosso rango enquanto contemplávamos lá de cima a bela paisagem do município de Salete. Logo rumamos de volta e ao cair da noite estávamos em casa, exaustos após aquele domingo de pedaladas e novas emoções.
 

COMPANHEIROS DAS BICICLETADAS...

     Desses meus companheiros de bicicleta ainda faziam parte o primo Adenir Cristofolini e Claudinei Tomio. Os projetos que tínhamos de subir a serra em direção a Otacílio Costa e Lages acabaram ficando somente nos planos, a idade ia chegando e os amigos indo para destinos diferentes. Lamentavelmente meu amigo Amilton foi conhecer a eternidade ainda jovem, vítima de um violento câncer, que em princípio lhe tirou a perna direita e depois de recuperado e com prótese, a doença retornou aos pulmões e lhe matou. Pela primeira vez senti a perda de um amigo. E prestei atenção na mensagem da morte!
      Lembro ainda hoje de um fato engraçado: num domingo, quando fomos de bike à Rio do Oeste assistir uma corrida de motos, o rapaz estava incomodado com o seu banco que não ficava mais no lugar desejado, o parafuso não segurava. Esbravejando, tirou uma chave da bolsa e passou a apertar com um pouco mais de vontade. Eu já tinha avisado pra ele parar que ia espanar a rosca. O miserável não quis saber deu mais duas voltas na chave e não deu outra, espanou! Teve que voltar até em casa ( uns 30 km) pedalando com o banco na altura mínima, que o fez perder bastante desempenho. Não bastasse esse incômodo, voltando por um atalho em estrada de chão, o azarado ainda me atropela uma galinha e a leva de arrasto uns 8 metros enroscada no câmbio traseiro, foi pena pra todo lado. Não me aguentando, tive que me encostar no barranco de tanto que ria! Por sorte, sem problema maior.

     Hoje, lembrando de tudo, tenho saudades. Jamais poderei reclamar da adolescência que tive. Nem dos amigos com os quais convivi. Pena que vamos crescendo e perdendo os contatos.
Como sempre, a morte vem acompanhada de reflexões aos que aqui ficam, justamente sobre como levam a vida, o que esperam dela e o que fazem com ela enquanto a possuem!
     Tenho ainda essa bike, que após quase 10 anos parada dentro de um rancho, passou por uma pequena reforma. Quase que a vendo por uns trocados, ideia que abandonei pelas lembranças que me proporciona.
Caloi Aluminum, minha 2ª bike de marchas, agora sem a maioria dos acessórios que dispunha.