Brincando com coisa séria!
Era 2009. Fazia uns 2 anos que eu tinha uma manchinha no
nariz. Era uma casquinha bem pequena que não cicatrizava. Caía e voltava, caía
e voltava. Não doía, não coçava. Por isso relutei mais de um ano para procurar
um dermatologista, até que minha namorada me convenceu e fui.
Eu estava tranquilo até o médico dizer que eu estava
brincando com coisa séria. O que eu tinha era o princípio de um tumor de pele,
cujo desenvolvimento ainda era inicial e por isso tinha como resolver com a
cauterização à gelo. Tratamento que se esperar muito para procurar, não dá mais
conta.
A dor foi um pouco grande, pois não há anestesia e o
congelamento teve que ser profundo. Hoje tenho uma cicatriz no local que se
percebe bem de perto. E não há como não lembrar a cada vez que a vejo no
espelho, quando lavo o rosto, quando faço a barba. Ao olhar sempre penso que aquele resultado
poderia ser outro caso tivesse esperado mais tempo, que aquele princípio de
tumor pudesse ter se desenvolvido em outro órgão, se camuflado, e que eu também
poderia ter recebido do médico a notícia de que teria que iniciar algum
tratamento mais complexo. Logicamente que você agradece a Deus por isso não ter
acontecido. Mas penso que tem um significado maior. A mesma reflexão que
faço a cada perda de alguém conhecido, a cada partida de um familiar, de um
amigo.
Então é muito mais do que isso. Algo assim te leva muito
além de agradecer somente a Deus e as pessoas que te incentivaram a ir ao
médico. Tal momento lhe faz pensar um pouco na vida e nos planos que você faz
para um futuro nem tão distante.
Você pensa na vida que tens vivido até o momento!
Hoje penso um pouco diferente. Pensava em acumular dinheiro
para depois de aposentado poder viajar para vários lugares do mundo, comprar um
motorhome e rodar esse Brasil todo! Mas isso é muito distante, são planos para
25 anos, 30 anos. Cara, isso é muito tempo e tu não tem garantia nenhuma de
estar vivo lá na frente e de ter saúde e disposição também! E quem sabe nem o
próprio dinheiro!
Obviamente que não devemos deixar de planejar o futuro, faço
isso ainda. No entanto tenho procurado pensar mais em aproveitar o momento e
deixar um pouco o “lugar comum” (como diz Cícero Paes) dar lugar ao novo. Mesmo
que você volte ao lugar comum depois. Esse lugar comum é o nosso cotidiano e
também as nossas férias!
Meu avô me falou uma vez numa entrevista que fiz com ele, já
doente: “é... cada dia mais perto”! Ele quis dizer, cada dia mais perto da
morte. Assim é nossa vida, cada dia uma dádiva e ao mesmo tempo um passo à
frente, uma chance a mais para viver, e mais próximo da travessia.
Como diz o ditado: vivendo e aprendendo. Acho que é por
aí. Devemos ir vivendo, tentando aproveitar o máximo dentro da realidade, com
os pés no chão, buscar a realização de sonhos e enfrentar alguns medos também!
Essa semana na escola tivemos uma palestra especial com
Vilson Cechetti, que trouxe mais uma carga de reflexão, principalmente ao
relembrar uma música que há muito tempo
não ouvia. Posso dizer que hoje a letra dessa canção tem um significado muito
maior!
SÓ UMA CANÇÃO:
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=bLHLBGBEYVY