domingo, 29 de janeiro de 2017

Viajar para aprender, parte VII - Museu do Mar na cidade mais antiga de SC



     Observei a quantidade de combustível. Menos de meio tanque. Optei por seguir até a reserva, deixando para abastecer bem pra frente, já adiantado no litoral catarinense, onde os preços seriam um pouco menores. No RS estava assustado com o que cobravam pela gasolina aditivada. Em Santa Maria, paguei 4,29 reais o litro! Ainda bem que a média de consumo do meu veículo é ótima, senão só o petróleo te consome boa parte do orçamento numa viagem um pouco maior.
     450 km era o que eu tinha que andar até São Francisco do Sul. Faltaria apenas uma cidade, um pouco mais adiante, para eu percorrer de ponta a ponta a nossa faixa litorânea. Itapoá.
     
     Em 5 horas eu estava em São Chico, a cidade mais antiga de SC e uma das primeiras a receberem povoamento no Brasil.
     O início da colonização data de 1658, por Manoel Lourenço de Andrade. Então na parte antiga você encontra um patrimônio arquitetônico bem diferente, arquitetura portuguesa da época colonial. Destaca-se aí a Igreja, com 350 anos, o mercado público e outros ambientes. Em condições boas de conservação.
     São Francisco movimenta uma boa quantidade de mercadorias, que chegam e saem através de seu porto. Um dos principais de SC. Está numa região muito boa para ancoragem de navios, conhecida como Bahia de Babitonga. Foz do rio Palmital com o encontro do mar.
     
     Curiosamente, foram os franceses que deixaram os primeiros registros de terem aportado em terras catarinenses. Isso em 1504, onde Binot Palmier de Gonneville, um capitão francês, descobriu nesse local, boas condições de aportar e reparar seus navios, depois de avarias em tempestades de alto mar. Na época esses homens passavam meses e até anos em navegações de exploração. Era o século XVI, época das grandes navegações. América recém descoberta. Muitos se lançavam ao mar para descobrir ainda mais.

     Esses franceses além de reparar os navios, acharam boas condições de água potável, alimento e tiveram amistoso contato com os índios carijós, que ocupavam o nosso litoral. Ficaram várias semanas segundo o que consta na história. Quando seguiram viagem, dizem que um índio os acompanhou e nunca mais retornou, depois de ter casado na França.

    Queria conhecer o Museu Nacional do Mar. Local bem organizado. Nos apresenta logo na chegada a história dos barcos baleeiros, responsáveis por trazer à morte milhares de baleias, destinadas a produção de óleo, utilizado para as mais diversas finalidades, entre elas a iluminação. 
     Pode-se dizer que foi a primeira atividade industrial do nosso estado, como fora em outros lugares também.

         Li uma história triste. Esses caçadores, tornaram-se especialistas em atrair os filhotes das baleias, e mantê-los de certa forma presos. A mãe vinha para defender o filhote. E era recebida por todos os lados com arpões e outras armas afiadas. À deixavam na exaustão. Depois terminavam de matar.  Fatos que se repetiam pelo litoral do mundo todo praticamente, levando a população mundial das baleias, próximo da extinção.
     Embarcações de épocas diferentes, lugares diferentes. Várias regiões do Brasil. Uma atração interessantíssima. Mas não tenha muita pressa, passe com calma pelas galerias e leia alguma coisa.

     Amyr Klink tem uma sala especial, mas em virtude de reorganização e reparos, não pude ver.  Algo sobre sua trajetória acaba sendo encontrada em outro ambiente. Pessoa singular, pelo que já pôde fazer em termos de viagens e explorações. Entre elas, a volta completa em torno do polo sul, nos 360º, em solitário, a bordo do seu veleiro Paratii. Obviamente que quando vi o relato dessa aventura - no livro Mar sem Fim -  disponível para venda, tratei logo de adquirir. Recomendadíssimo. Inspirador. Informativo.

     Pude passear pelo lugar, caminhar um pouco pelo centro histórico. Visitar a igreja. Aproveitei para fazer um lanche no mercado público. Comprei um dente de tubarão para o Heitor numa banca! Verdadeiro, o casal que vendeu me garantiu que procede da costa africana.

     Julguei que havia feito o que queria. Caminhei para onde deixei o carro. Pensava em voltar para casa dali. Encerrando a semana na estrada.
    Voltava com chuva. Estava bem cansado. Passei por Jaraguá do Sul perto das 20 horas. Era caminho em direção a Blumenau, onde mora minha tia lili.

     Cheguei para tomar um café pensando em continuar depois. Não me deixaram. Os tios estavam certos. Era melhor eu dormir ali, descansar e ir no outro dia.
    Assim eu fiz. Durante a noite mudei meus planos, colocando outro destino para o dia seguinte. Queria conhecer ao menos um pouco, a rota ciclística Vale Europeu.
    Este seria o último trecho de surpresas depois de quase encalhar no meio do mato.

Continuação, parte final.

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