terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Viajar para aprender, PARTE II - Porto Alegre



3 anos antes
    Havia cruzado a capital em 2014, era uma sexta-feira em final de tarde, com chuva. Na ocasião eu e meu pai voltávamos de uma viagem até o Pacífico. Da mesma forma que em toda capital, encontramos logo um trânsito abarrotado de carros, lentidão. Com a chuva logo apareceram pequenos acidentes, que deixava mais complicada a situação.
    Eu não sei, mas isso me deixa tenso. Você tem que ter um cuidado tremendo, acertar o caminho, prestar atenção na sinalização, cuidar da frente, dos lados, atrás. Pessoal acostumado anda rápido e tu ali no meio. O que tu menos quer nisso tudo é dar bobeira, fazer algo errado e muito menos causar prejuízo à alguém ou a si próprio.
    Naquela sexta-feira, demoramos quase duas horas para cruzar a cidade. O GPS nos levava, esse aparelhinho incrível. Ah, mas tem que ir sem, com gps não tem graça. Boa sorte.

    Tá e o que viram? Nada. Essa é outra história. Fazia nove dias que não via meu filho. Já havia conquistado meus objetivos na cordilheira, no deserto e no pacífico. Queria ver o meu menino, ele tinha 3 anos. Naquela ocasião, cruzamos o Rio Grande do Sul numa única tocada, coloquei como meta quando acordamos em Chui (extremo sul do Brasil). Hoje dormiremos em casa. Poderia ter nos custado caro isso! Mas eu resolvi apostar pois não me aguentava. E só quem sai, sabe o valor que tem um serzinho que corre na tua direção dizendo, papi! Papi!...e vem te encontrar no portão!
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    Partira de Mata já era 12:30, arranjei um suco gelado num posto. Catei duas maçãs e duas bananas, ainda bem boas, veio um chocolate junto. Assim, ia comendo enquanto dirigia, rende um bocado a viagem. Tu só para onde tem objetivo ou em algum atrativo em particular. A não ser que você não tenha absolutamente nenhuma pressa, nenhum compromisso. Mas rodar sem rumo não me faz a cabeça.

    Meio em diagonal, saí do centro gaúcho, passando por vários municípios em rodovias boas, que me levavam sentido ao litoral, na direção da capital.
    Encontrei um relevo mais acidentado, algumas cidades pequenas, outras maiores e industrializadas. Subidas e descidas, serras e vales. Algumas regiões de colonização antiga, apresentadas por construções bem velhas em estilo colonial. Passava por uma região de economia mais diversificada, com agricultura em escala menor de propriedades, consequentemente culturas mais variadas, cidades mais próximas. Quando você viaja e presta atenção na paisagem, nota-se muita diferença. Acima dos 800 metros de altitude, normalmente encontramos os planaltos, aí irão predominar as fazendas, os campos, onde a paisagem chega a ser monótona depois de uns 200 quilômetros onde no teu entorno estão as lavouras e as pastagens! Mas é interessante, bonito.  Penso como não deve ser nas extensões maiores ainda, nos grandes latifúndios do Mato Grosso!

    Sou suspeito em falar das araucárias, pois acho uma árvore particularmente bonita. Elas embelezam as paisagens gaúchas, catarinenses e paranaenses, no seu habitat mais propício, campos e serras. Rodei centenas de quilômetros, mas nada me chamou em particular atenção para fotografar.

Não demorou entardecer. Por volta das 18 horas cruzei a ponte. Avistei novamente os paredões de concreto, aquela paisagem cinzenta, que vai longe, de um lado para outro. Pistas largas, carros apressados. Só falta chover, pensei.

Entrando na Capital do RS. O trânsito não permite qualquer distração a partir daqui.
     O GPS já me indicava o caminho para um hostel, pesquisei antes uma opção barata para ficar, que estivesse na cidade baixa, região histórica, relativamente perto dos lugares que eu pretendia conhecer.
    Há muito o que se fazer em cidades grandes. Muita coisa bonita. Bastante história, cultura, diversão, encontra-se de tudo. Animado, eu havia feito um rascunho em papel, com dez lugares que pretendia conhecer, entre museus, parques, locais culturais, praças... é isso que me atrai nas cidades.    Em dois dias acho que consigo ver tudo e sobra tempo. Ingênuo, deveria ter mais consciência de que estava bem longe da realidade.
    Era dia dois de janeiro. Tenso, encontrei por sorte uma vaga na rua quase em frente ao hostel. Estacionei o carro próximo a uma caçamba de lixo, aquelas que ficam no chão e são buscadas quando cheias por um caminhão. Desci. Do lado estava uma estrutura bem antiga, azul. Numa pequena placa se lia: Hostel cidade baixa. Porta fechada. Cadeado. Mas as janelas de cima estavam abertas. Voltei para o carro pensando em achar outra opção próxima. Enfrentar de novo o movimento. Estava de saco cheio já. Voltei, procurei uma campainha e a encontrei bem no alto, no canto da porta. Acionei.
    Um jovem me recebeu. Me explicou tudo e ok. Busquei minhas coisas. Meio tanso, eu ainda tenho que aprender a levar menos coisas. Ainda mais quando se hospeda em hostel. Esta, para quem não sabe, é uma opção de acomodação compartilhada, onde existe bastante procura principalmente por viajantes, que pretendem gastar menos com pernoites, aceitando quartos, cozinha  e banheiro compartilhados.

     Eu e o pai fizemos uma opção por um hostel em Jujuy, na Argentina, e achei muito conveniente, com um quarto para dois, com banheiro privado e tudo mais, nos custou 70 reais o pernoite!
Imaginei que este seria mais ou menos parecido. E acertei, mais ou menos. E só.
    Não demorou eu estava arrependido. Mas já tinha pago na entrada. Agora vou ficar, aceitei resignado. No meu quarto haviam 4 camas. Levei sorte e fiquei sozinho. 60 reais foi o meu custo. Cama mais ou menos, banheiro bom mas sem nada, nem toalha, nem sabonete, nada. Um ventilador sofria e resmungava alto para refrescar o quarto. Tomei banho, amontoei minhas coisas num canto. Fui para a janela e de lá tinha vista da rua em frente e do meu carro. Algo não me agradava.

   Não tinha sensação boa. Notei um cara vestindo colete amarelo com faixas refletivas, rodeando o veículo. Vigiei  por alguns minutos. Andava pela rua, voltava, sentava, falava com outros caras que passavam. Aquelas pessoas que te passam uma imagem ruim, infelizmente. Andam feito bobos, calças caindo, "bermuda no joelho", impressão nada boa.
    Estava com fome. Desci. Perguntei para o rapaz se dava para deixar meu carro durante a noite ali. Já entendi pela expressão dele. Arriscado. São comuns os arrombamentos ele disse, chegam a quebrar os vidros, roubam também. Ótimo pensei, era isso que eu precisava ouvir para dormir bem! Jurei que nessas situações jamais voltaria a optar por um hostel. Salvo com estacionamento e melhores condições. 

    Tem um estacionamento pago na outra quadra disse ele, mas em meia tarde já está lotado. Não me restou opção. Ia arriscar.
    Nosso costume aqui é trancar a porta, aí quando você voltar acione a campainha novamente. Respondi com afirmativa e estava na rua. Na esquina avistei o rapaz, de estatura baixa, estilo maloqueiro.
    Amigo, o chamei; boa tarde, trabalhas no departamento de trânsito ou coleta de lixo? Não, esse colete eu ganhei do pessoal aqui da rua, que mora aqui. É que eu cuido dos carros, aí me deram o colete usado. Então você cuida dos carros durante a noite? Perguntei. De dia também. Aqui é meio arriscado. Pessoal ataca mesmo. Mas eu eles me respeitam, me conhecem. Já morei na rua muito tempo, conheço a molecada, aqui onde estou eles não mexem.
    Encosta um carro. O motorista deposita umas moedas na mão dele.
    Notei alguma sinceridade no rapaz. Quanto o amigo cobra para cuidar do meu carro? Ah, um dez pila né. Certo, mas a noite toda? Não não, fico até uma e meia da madrugada no máximo. Daí vou embora. Mas depois desse horário não é a parte mais arriscada? Sim, é, disse ele. Eram 20:30, começava a ficar escuro.

    Cara, vamos fazer o seguinte. Te dou os dez reais agora. Vou comer algo, e voltar para dormir, estou nesse hostel. Amanhã pretendo sair meio cedo. Se estiver tudo em ordem e tu estiver aqui cedo, te dou mais dez reais. Ok patrão, combinado, cuido pra ti. Lá se foi dez pila. Ou seja, meu pernoite já custava 70.
    Caminhei um pouco, maldizendo minha escolha, bravo comigo mesmo pois eu tinha condições de ficar em local mais seguro. Por outro lado eu não imaginava que a situação era essa. 50 metros à frente uma avenida movimentada, muitos bares, restaurantes, cheios... Parei em um onde não estava tão lotado. Descobri logo o motivo.Uma simpática moça trouxe o cardápio. Em cinco minutos eu devolvi para ela, agradeci e andei mais um pouco, retornando pelo outro lado. Mas por que devolveu professor? Meu dinheiro não é folha de laranja. 48 conto num sanduíche e dezoito um suco, caí fora.

    Logo encontrei um bom lugar, onde um baita cachorro quente me encheu a barriga, e com vinte reais eu estava completamente satisfeito. É.... pensei, isso é cidade grande. Abre o olho senão tu te lasca. Só assim para aprender.
    Nos dias seguintes, tive oportunidade de conversar um pouco com dois senhores gaúchos. Um de Santa Maria e outro de Torres. Muito preocupados com o seu estado.

    Passei pelo meu carro. Nada do colete. Subi. Ajeitei minhas coisas para poder deitar. Eram quase 22 horas. Estava avisado que se chegassem novos hóspedes, poderiam ocupar também o quarto. Está certo, concordei. Num armário com cadeado, coloquei meus objetos de valor.
    Uma sacada bem pequena abria opção para eu ficar de olho no meu carro e observar a rua. Um banco bem do lado da porta grande. Ali fiquei.
    Apareceu o cara do colete, eram 23 horas. Noite vai ser longa, estava certo disso. E o que eu menos queria era encontrar meu veículo arrombado na manhã seguinte. Pensei nas coisas que ainda tinham lá dentro, uns travesseiros, uma coberta. Droga, esses vagabundos vão passar, ver que é de fora, vão querer abrir pra pegar algo. Na verdade não tinha nada de valor dentro. Enfiei tudo dentro da mala e uma mochila.

    Me chamei de burro umas vezes.
   Meia noite. Aumentou o movimento de tralhas na rua. E que me perdoe quem os defende, sem entrar na questão da produção social de marginalidade. Vagabundos, drogados. Os tenho ainda em imagem na minha cabeça. Garotos e garotas de 15 anos pra cima. Circulavam por ali. Fumando. Alguns com cachimbinho, levantavam labaredas rápidas em frente às narinas, crack com certeza. Tinha uns 12. Andavam pela rua tipo zumbis. E eu me sentindo um bocó, nem piscava. Se um indivíduo desse encostar no meu carro eu espanto daqui com um grito e ligo para a polícia.
    Eles não são burros. Olham para todos os lados. Viam que bem perto, numa janela acima, tinha um fulano de butuca.
   Nem sinal do cara do colete. Desgraçado, sumiu de novo. Lancei uma dúzia de impropérios ao infeliz.
Estava cansado. Já era uma da madrugada. Queria dormir. Tracei um plano. Acionei o despertador de meia em meia hora. Ia dormir meia hora, levantar e ver a situação na rua. Ótimo. Boa ideia. Só faltava agora pegar no sono!
    E assim passei a noite. Cochilei algumas vezes. Mas era acordado pela conversa de duas prostitutas encostadas num outro carro, bem abaixo da janela. Que isso te sirva de lição, disse pra mim mesmo. Riam, falavam alto, combinavam esquemas sem pudor algum ali mesmo. E pior que eu conseguia ouvir tudo, audição apurada nem sempre é bom. Pensei comigo, que valor esse tipo de mulher se dá!?
    Nesse processo, eu já tinha reavaliado a metade dos lugares que queria ir. Motivo: deslocamento, se perde muito tempo em trânsito. Não estava a fim de pagar taxi. Uber era opção, baixei aplicativo. Mas acabei deixando. E principalmente porque aquela situação estava me tirando todo o ânimo de permanecer na cidade.

    Café da manhã? Não, não tinha.
   Às seis horas eu estava pronto, sabendo o que iria fazer. Acho que peguei no sono, e antes um pouco, fui acordado pelo despertador. Pulei pra janela num segundo. Vi o carro no lugar e respirei aliviado. Me ajeitei um pouco, peguei as coisas e saí dali como um raio. Mal disse tchau para o piá que cuidava da entrada. Obrigado eu disse. Me referi à Deus, por estar tudo em ordem e eu poder sair daquele lugar sem nenhum prejuízo, fora a noite de preocupação.

    Em pouco tempo estava em frente ao museu Júlio de Castilhos. Era a opção número um para a capital. Não eram 7 da manhã do dia 3. O museu iria abrir, às 9:30. Estacionei. E fui andar.

    Não me agradei novamente. Estava perto da catedral, numa praça grande em frente. Lotada de mendigos jogados no chão. É triste ver isso. Debaixo de uma lona amarrada à duas árvores, pude ver disfarçadamente o que imaginei ser uma família, 4 pessoas dormindo, uma criança. Ali. Na rua. Enrolados em trapos. Um fogareiro velho do lado indicava que estavam ali por mais tempo, chão sovado. Me afastei, disfarcei, e fiz uma fotografia bem de longe, sem aparecer ninguém e principalmente, sei eu ser notado.
Inúmeros moradores de rua, jogados ao relento. Qual seria a história de cada um?
     Fui para a outra direção. Estava com vontade de tomar um café. Daqui a pouco acho um lugar eu imaginava. Fui andando... e o que via era pichação por todo lado, maldições contra o governo e a polícia. De vez em quando outro jogado no chão, dormindo. Forte cheiro de urina pelas ruas. Não estava gostando nada, nada mesmo.  Estava na parte histórica, construções antigas, em geral mal cuidadas. Pensei em ir ver o parque da redenção, grande área verde, dizem ser realmente bonito. Tinha em mente o moinho de vento, museu militar, espaço referente a Mário Quintana e Érico Veríssimo...
    Encontrei uma padaria. Pedi um café com leite e um pastel. Muito bom o lanche. Aproveitei para conversar com a senhora do caixa. Simpática, ela me disse que se eu quisesse ir ao parque da redenção (farroupilha) deveria procurar outra entrada, a entrada principal, pois a que estava mais próxima dali, era em meio a uma passagem pela vegetação, se tornando perigosa, segundo ela. Cuide com celular, carteira, máquina fotográfica, aqui não tem hora para os marginais. Agradeci pela recomendação dela.

    Voltei pensativo, já passava das oito. Fiquei pensando em como pode um país tão bonito como o Brasil, estar sendo contaminado por essa onda de violência crescente. Mais de 150 assassinatos por dia, sem contar os roubos, sequestros, estupros, e agora as rebeliões nos presídios! Algo está errado quando se gasta mais dinheiro com preso do que com estudante.

    Visitei o Uruguai, Colônia do Sacramento, cidade histórica e com patrimônio cultural gigante, encontrei limpeza, organização, patrimônio bem cuidado, muitos turistas, andamos por lá de noite, de dia, não vi uma figura sequer que pudesse ser nem parecida com um marginal. Não vi uso de droga, não vi pelo menos assim tão aparente e descarada a prostituição.
    
    Caminhava tranquilo, estava com calor já. Meu carro estava numa sombra, entrei e resolvi esperar o museu abrir. Dali observei outra coisa interessante. Não cheguei a contar, mas passaram muitas pessoas com cachorros. Muitas. Pessoas passeando com os bichos. Até aí nada de anormal, pelo contrário. Mas fiquei espantado quando um casal vinha pela calçada. O homem conduzia um pequeno cão pela guia. A mulher conduzia outro, aliás, uma cadela toda arrepiada com fitinhas nas orelhas, num carrinho de bebê. Nunca vi algo assim, achei meio estranho. Pensei, é, realmente o mundo está se transformando. As pessoas quando casam, já é tarde, na maioria. Filhos estão ficando mais tempo na casa dos pais. Quando optam por sair e ter filhos é um só e deu. Centenas não querem filhos, pois dá trabalho e custa caro. Exige tempo seu para o resto da vida. É maravilhoso, mas o preço é alto e não são todos que abdicam bastante de si para pagar. Aí optam por cachorros ou gatos. Talvez por não estressarem tanto e ser mais fácil jogar para um canto quando enchem o saco. Assim conversava comigo mesmo quando o museu abriu.

     Quem me recebeu e acompanhou me mostrando tudo, foi a segurança do prédio. Uma negra muito simpática e atenciosa. Me explicou sobre a precariedade da construção. Na verdade está caindo ela disse. Goteira por tudo, até o acervo está sob risco. Não falei nada para ela, mas eu pouco prestava atenção nas coisas, meus olhos corriam como os de um gavião, à procura da Lambretta. Subimos uma escada.
    Depois de uma porta, sob o teto de vidro, ao canto esquerdo, estava ali! A motoca que me motivou a entrar em Porto Alegre. Não podia, de jeito algum, sair dali sem ver. Pedi licença e me aproximei.
    Ela estava guardada disse a moça. Voltou a ser exposta faz pouco tempo, depois que o dono dela veio de Santa Catarina pra cá fazer uma palestra. Ele mora em Lages, você sabia? Ela me questionou sem imaginar que eu já havia estado na casa de José Ferreira da Silva, conversado com ele junto com meu filho e apertado sua mão. Adquirido seu livro com autógrafo e tudo, além de uma foto para recordação.

    Sim, consenti. O conheço! Por isso quis vir aqui, tinha que ver essa moto, já vi o aventureiro, já li o livro, faltava ver a moto. 
Ali fiquei. Mas acostumado a respeitar as regras, só fiz uma foto mais perto dela, do outro lado da corda. E ainda meio sem jeito.


     Posso fotografar? Sim, mas não use flash. Rodeei a motoca. Poderia ter tocado nela, não fiz. Me arrependi. Olhei cada parte dela. E um filme passou rapidamente por tudo o que li e que me falou o seu José!
    Ela permitiu isso! Uma simples e valente Lambretta, motoquinha de origem italiana, comuns no mundo todo. Ano 1968. Percorreu levando o seu José, 54 países, por mais de 85 mil km. Ao longo da América, Europa, Ásia (Oriente Médio) e África. Esse tipo de história me fascina. Não apenas pelos lugares visitados, mas principalmente pelos meios utilizados para se conseguir fazer isso, com pouco custo! Essa é a questão!
    E eu que só soube disso em 2016, quando pude ter a satisfação de conhecer pessoalmente Roberto Böell Vaz, outro aventureiro, protagonista de uma aventura registrada no primeiro livro desse gênero que adquiri, quando pegou seu fusca 75 e se largou pela América, rumo aos EUA, isso em 1996.   
   Roberto me questionou se eu conhecia o tal morador de Lages, que percorreu o mundo de lambretta. Pronto. Não demorou um mês, eu o conheci também.

    Juro que uma meia hora fiquei por ali. Me aproximava, me afastava, abaixava, levantava, olhava e um lado, de outro, queria sentar na motoca, mas não tive coragem de pedir.
    Mas tu gostou dessa moto hein, disse a vigilante. Fiquei tempo suficiente pensei. Percorri outros espaços do museu, vi canhões usados na revolução Farroupilha. Me apresentou a situação do prédio histórico, que fora a casa de Júlio de Castilhos, importante personagem na história do Rio Grande do Sul. Bastante deteriorado. E na situação econômica gaúcha, tende a permanecer assim. Infelizmente.

    Feliz por ter visto a moto, com remorso por não ter nem encostado nela, embarquei no meu carro. Estava contente o suficiente para já sair da capital. Mas antes passaria na opção número dois da minha lista. O museu de ciências e tecnologia da PUC.
    Cheguei sem maiores problemas. Passei antes na usina do gasômetro. Outro lugar que pretendia parar. Fechado para reparos. Estacionei no pátio da PUC.

     No mais o que posso falar é resumir tudo em uma palavra. Fantástico.
    Um mundo inteiro de informações ali dentro. De todas as áreas, envolvendo todas as ciências. Material quase todo interativo. Visualmente atrativo. Muito, muito interessante. Os grandes progressos científicos, principais conhecimentos e descobertas da humanidade, estão ali abordados. Assim como a parte que se refere ao nosso planeta, sistema solar, entre outros.

    Almocei por lá. Vi o que achei suficiente. Quase nem lembrava mais de minha preocupação durante a noite. Liguei o GPS, indiquei a ele que deveria me levar agora para São José dos Ausentes e nesse mesmo dia, 3 de janeiro, nem eu imaginava que ainda conseguiria chegar ao ponto mais alto do RS. O Cânion Monte Negro.
    Aos poucos, fui deixando para trás uma bela cidade, mas doente como tantas outras pelo Brasil e pelo mundo. E levando a lição de numa próxima visita em cidade grande, dar prioridade para uma acomodação mais segura. 
Deu tudo certo, valeu a pena!

Continuação pelos Cânions e Aparados da Serra, parte III.

2 comentários:

Camila Piske disse...

Suas histórias me motivam. É incrível conhecer um pouco dessas aventuras, imagino que seja terapêutico escrever e reler suas próprias histórias.

Evandro Cristofolini disse...

Oi Camila, sim pra mim é como se fosse uma terapia ! Quero muito conhecer outros lugares e continuar os relatos ! Um abraço !